terça-feira, 6 de março de 2012

Top 5 Das Piores Coisas Que Já Comi (Ou Tentei)

Antes de me mudar para a capital, vulgo Lisboa, e passar a comer só alfacinhas e outras couves, ou seja, ser vegetariano, aqui o vosso anfitrião vivia no Alentejo e era omnívoro. Diga-se que já nessa altura pensava que poderia tornar-me vegetariano, mas lá no Alentejo o meu leque de alimentos ficaria reduzido a pouco mais do que batatas, nabos e kiwis podres. Foi só quando me mudei para a capital que tive acesso a tofu, leite de soja, seitan e outras mistelas.

Nesta minha fase Alentejana, mesmo quando viajava, recorria, por força de hábito, a alimentar-me de animais mortos por outras pessoas. Aqui vai um apanhado do pior que já encontrei, tudo nessa época.

N.º 5

Não, não é o Chanel N.º 5. Até porque beber perfume, apesar de arder no estômago, deixa um agradável hálito. Batatas fritas em azeite. Cá em casa lemos algures que alguém aconselhava fritar batatas em azeite em vez de óleo, como se fazia dantes. Visto o azeite ser mais saudável, lá fomos tentar. Resultado: batatas verdes, moles, repulsivas. Lá mais saudável foi, nessa noite não houve batatas fritas para ninguém.

N. º 4

Uma viagem ao Algarve. Um restaurante em Vilamoura. Um pianista a tocar versões acústicas dos Beatles. Não está mal. Até que serviram as entradas. Isto mesmo sem ninguém as pedir. Belo truque... A um canto de um dos pratos estava uma estranha criatura. Pela concha a que estava acoplada, só podia ser uma ostra. Porque parte começar a comer? Será que todo o animal é comestível? A questão impunha-se. Não fosse eu acabar por comer intestinos ou semelhante. Ao fim de alguma análise desisti de tentar perceber o bicho. Não havia ponta por onde se pegasse. Bom, se calhar o melhor é mesmo comê-lo inteiro. Lá vai disto. Foi como se o tempo tivesse parado enquanto me afogava várias vezes de seguida. Um gosto sufocante, tão intenso que até sai pelos ouvidos. Tão mau que serve para torturar prisioneiros. Imaginem em Abu Ghraib. "Quando vai ser o próximo ataque aos Estados Unidos? Não falas? Toma lá outra ostra goela abaixo".

N.º 3

Miroton. Só o nome me arrepia. A pior refeição caseira de sempre. Nem consigo falar sobre isso. Demasiado doloroso.

N.º 2

Quando se vive no countryside, ouve-se falar das maravilhas que se passam na capital como se realmente fossem maravilhas. Tinha aberto um novo restaurante chamado Chimarrão. Um tipo do campo gosta de estar actualizado, então quando fui à capital, passei por lá. À porta estava um segurança-tipo-quebro-te-a-cabeça-se-olhares-para-mim-sequer. Sinistro. Igualmente sinistro eram as decoração de jarrões e outras esculturas de plástico. Tudo isto já deixava adivinhar o que ai vinha. Penso que a ementa consistia num único prato, uma sucessão de carnes meio cruas. Se aquilo é cozinhar, então pintar uma parede com trincha é Arte. Cada vez que vinha o empregado com um novo bocado de carne, sentia que estava no Inferno de Bosch. Às tantas não quis mais. "Obrigado, já comi o suficiente para conseguir vomitar", é o que devia ter dito.

N.º 1

De férias de carro em Espanha, mais propriamente na Galiza, estava a fazer-se tarde para jantar. Era preciso encontrar um sítio para comer entre aquelas estradas escuras. Lá apareceu uma tasca perdida. Era aquilo ou mais nada. Para ajudar, àquela hora só só havia um prato. Como os espanhóis não falam outra língua que não a deles, não conseguimos compreender exactamente no que consistia. O pouco que percebemos foi que era uma sopa que o dono dizia ser a melhor comida do mundo. Sopa, parecia bem. Não acreditava que fosse a melhor comida do mundo, mas pronto. Sentámo-nos. A sopa chegou. Um caldo castanho. O que esconderia lá dentro? Ao mexer com a colher, coisas estranhas, plastificadas, emergiram. O que é isto? Boa coisa não deve ser. Será que é...? Parece mesmo... Isto são... Isto são orelhas! AAAAHHHRR! Nem quero imaginar o que seria a sobremesa. Miolos de macaco gelados como no Indiana Jones?